Por Juliana Mello
Colaboradores do Instituto Oswaldo Cruz / Laboratório Central do Maranhão (IOC/Lacen-MA) participaram, nessa quarta-feira, 20, de uma roda de conversa com representantes da Central Estadual de Transplantes (CET), que teve como tema “A importância da doação de órgãos”. Na ocasião, foram tiradas dúvidas e reforçada a importância de comunicar a família sobre o desejo de se tornar um doador.
No Maranhão, a CET é a unidade responsável por realizar a captação de doadores em todo o estado, e conta, também, com comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos para transplantes que atuam na notificação de potenciais doadores. A interação funciona como ponte entre os hospitais e a Central de Transplante.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), atualmente, mais de 66 mil pessoas aguardam na lista por um transplante no país. Em 2022, segundo o Relatório Brasileiro de Transplantes (RBT), 20 mil pessoas realizaram o procedimento. No Maranhão, segundo a última atualização, feita este mês, 821 pessoas estão na fila por um transplante de córnea, 256 aguaram transplante de rins e seis pessoas por transplante de fígado.
O diretor do IOC/Lacen-MA, Lídio Gonçalves Neto, ressalta a importância de falar cada vez mais sobre a doação de órgãos. “Nada mais importante do que se manter bem informado. Essas discussões são fundamentais para que sejamos multiplicadores dessa informação, e o principal, de forma correta. A doação de órgãos salva vidas”, frisou.
O Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células no mundo, o Sistema Único de Saúde (SUS), que financia 95% dos procedimentos no país. O paciente transplantado recebe assistência integral e totalmente gratuita, que inclui exames, cirurgia, acompanhamento hospitalar e medicamentos.
A Coordenadora do Núcleo de Capacitação e Credenciamento da Central Estadual de Transplantes (CET), Renata Rocha, informa que o principal objetivo da campanha do “Setembro Verde” é esclarecer, informar e ajudar a desmistificar certas informações equivocadas sobre o tema. “As pessoas acham que, após a doação de órgãos, o corpo vai ficar deformado. Mas, não, se tem todo o cuidado com a pessoa como uma cirurgia normal. Se é uma doação de córnea, é colocada uma prótese no local e as pálpebras coladas, o olho vai fechadinho, não dá nem para saber que foi feito” explicou.
Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o principal empecilho ao aumento no número de doações no país é devido à recusa familiar ao procedimento, que corresponde a uma média nacional de 46%. No Maranhão, este número tem sido ainda maior, cerca de 67% no ano de 2022, sendo a taxa de negativa mais alta de todo o país. Por isso a importância do processo de conscientização a respeito da doação de órgãos e tecidos, e principalmente, informar a decisão à família.
“Há 10 anos eu tinha na minha identidade a informação de que não era doadora. Por motivos de religião, eu achava que não podia. Foi então que a minha filha adolescente começou a falar abertamente sobre isso, informando a família que queria ser doadora de órgãos. Isso me ajudou a perceber que a partir de um óbito, muitas pessoas são beneficiadas, e por isso hoje eu sei que também quero ser uma doadora”, ressaltou a agente de saúde que atua no setor de Vigilância Laboratorial do IOC/Lacen-MA, Maria José Araújo.
De acordo com o Ministério da Saúde, apenas um doador pode salvar até oito vidas. Podem ser doados órgãos como coração, pulmões, fígado, intestino, pâncreas e rins, além de tecidos como córnea, pele, ossos e valvas cardíacas. Também é possível realizar uma doação em vida de órgãos duplos, como rins.
Daucyana Castro