Por Daucyana Castro
Após quatro meses dedicados exclusivamente ao combate à Covid-19 no Maranhão, o Hospital de Campanha de São Luís encerrou suas atividades nesta quinta-feira (17). Em 127 dias, a unidade com 200 leitos de internação e serviço ambulatorial realizou 2.340 atendimentos. O equipamento foi uma das estratégias do Governo do Maranhão para prestar assistência a pacientes diagnosticados com a Covid-19.
“O Hospital de Campanha cumpriu um papel fundamental entre as ações desenvolvidas para o enfrentamento do novo coronavírus no Maranhão. Saber quantas vidas foram salvas neste equipamento de saúde nos mostra o quanto foi uma decisão acertada da gestão estadual. Com certeza todos os esforços foram empreendidos e muito amor foi dispensado neste lugar”, conta o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula.
Inaugurado no dia 18 de maio deste ano, no espaço do Multicenter Negócios e Eventos, do Sebrae, no Altos do Calhau, o Hospital de Campanha de São Luís registrou 1.017 altas médicas.
O Hospital de Campanha de São Luís foi montado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), da Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP) e da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH). Com estrutura de 3.500 m², possuía 200 leitos, sendo 186 clínicos e 14 de estabilização com respiradores.
Segundo o presidente da EMSERH, Marcos Grande, o Hospital de Campanha foi estratégico no combate ao coronavírus. “Não medimos esforços para oferecer um tratamento de qualidade e excelência para os maranhenses. Foi de grande valia ter um ambulatório e um hospital funcionando no mesmo local, para desafogar as UPAS, funcionando 24 horas e garantindo que a população fosse atendida. Esse equipamento de saúde garantiu atendimento e conforto para quem precisou de assistência”, comentou.
Diretor administrativo da unidade, Bruno Pereira relembrou os dias de luta, os esforços para conter a contaminação e o marco que ficou para a saúde da população maranhense. “Somos o estado da federação com a menor taxa de letalidade por Covid-19. O Hospital de Campanha foi de grande importância do início ao fim para toda a população, por conta do tamanho e complexidade. Nós fomos mais uma força no controle contra a Covid-19 e encerramos com o pensamento de dever cumprido”, disse.
João Vicente Dias Costa Neto, de 35 anos, foi o primeiro paciente internado na unidade e também o primeiro a receber alta médica. Ele foi encaminhado da Upa do Vinhais, deu entrada no hospital com febre persistente e diabetes descontrolada.
“Minha vida mudou da noite para o dia. Fiquei com medo da morte. Estava acima do peso, não estava acostumado com isso e com o psicológico abalado longe da família. Quando eu penso em tudo que passei, dá vontade de chorar. Minha eterna gratidão a todos que cuidaram de mim no Hospital de Campanha. Se não fossem eles, eu não estaria aqui. Esse hospital salvou muitas vidas. Sem esse hospital, nem sei o que teria sido do povo maranhense”, elogiou.
Mais de 400 profissionais atuaram no Hospital de Campanha de São Luís. Um deles foi o enfermeiro Josiel Cunha de Oliveira, que coordenou o Núcleo Interno de Regulação, setor responsável realiza o monitoramento do paciente, a partir de seu ingresso no hospital, sua movimentação interna e externa até a alta hospitalar.
“Foi uma adrenalina fora do comum. Só quem viveu isso sabe. A gente vê uma solicitação, um nome no sistema, mas sabemos que por trás daquele número, existe uma pessoa. O sentimento que nós temos é de gratidão, saber que valeu a pena todo o processo, todo o sofrimento e angústia. Esse é o sentimento que fica: saber que eu pude contribuir para a melhora do meu próximo. Não existe pagamento maior que esse”, relatou emocionado.
Eduardo Ericeira