Por Poliana Ribeiro
Quando começou a Residência Multiprofissional de Atenção em UTI Adulto no Hospital Dr. Carlos Macieira, a enfermeira Mirtes Helena Sousa da Silva, de 26 anos, sabia o que encontraria pela frente: pacientes graves, alguns entubados, que precisariam de medicamentos e ventilação mecânica para sobreviver.
“Eu já sabia que essa é uma realidade que a gente encontra numa Unidade de Terapia Intensiva. Porém, quando começou essa pandemia, o frio na barriga e o medo de que o vírus chegasse ao Brasil tomou conta de mim, porque eu tinha consciência de que, um dia, a UTI na qual eu trabalho e aprendo todos os dias, poderia virar uma UTI Covid. Eu sabia que isso ia mudar a minha rotina e a minha vida. E foi exatamente o que aconteceu”, relata.
Mirtes Helena Sousa é um dos tantos jovens profissionais que buscam aperfeiçoamento na carreira para aumentar o leque de oportunidades por meio de uma residência em unidades hospitalares. Uma opção para garantir esse aprimoramento são as residências médica e multiprofissionais, oferecidas pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) e coordenadas pela Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH), que possibilitam a vivência com a profissão. E mesmo que o trabalho já seja desafiador para as profissões da área de saúde, nada se compara com a realidade que tem sido vivenciada atualmente.
“Se antes dessa doença, a gente já tinha uma preocupação de se prevenir contra bactérias e vírus, nesse momento nossa preocupação dobrou. O medo de se infectar, de infectar nossa família, era e ainda é muito grande. E, agora, nós temos que usar EPIs a mais e por mais tempo. E não são EPIs e roupas confortáveis”, conta a residente Mirtes Helena.
Para ela, os desafios extrapolam o âmbito profissional. “A nossa vida particular também meio que virou de cabeça pra baixo. As visitas aos nossos familiares, permanência em casa, principalmente com quem tem filhos, não foi mais uma realidade vivida por nós, pois o medo de perder alguém que a gente ama é bem maior do que a vontade de estar perto no momento”, ressalta.
De acordo com Cyrene Piazera, coordenadora da Residência Multiprofissional Atenção em UTI Adulto, desde o início da pandemia, vários ajustes precisaram ser realizados, como o resguardo dos residentes de primeiro ano, que foram deslocados apenas para as alas do hospital que não têm pacientes com Covid-19.
A Residência Multiprofissional de Atenção em UTI Adulto conta com profissionais de enfermagem, fisioterapia, nutrição e odontologia. Apesar das dificuldades, a residente Mirtes Helena garante que desistir não é uma opção. “Não tem sido uma situação fácil, porém nós não vamos desistir dessa guerra. Passaremos por tudo isso e cremos que dias melhores virão”, acredita.
Daucyana Castro