O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), promove treinamento sobre os mecanismos de controle e de prescrição da talidomida, medicamento que, se utilizado incorretamente, pode causar o nascimento de crianças com má formação em órgãos, membros superiores e inferiores. A capacitação teve início nesta terça-feira (7) e prossegue até esta quarta-feira (8), no Cemesp, que fica na Avenida Kenedy, no Bairro de Fátima.
A ação visa capacitar os profissionais de saúde que lidam com a talidomida para trabalhar com as novas normas para uso do medicamento, descritas na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 11, que entrará em vigor no próximo dia 21 de junho.
O secretário adjunto da Atenção Primária e Vigilância em Saúde, Luís Marcelo Rosa, disse que a SES investe em capacitação dos profissionais porque reconhece que é preciso aplicar mecanismos mais rígidos de monitoramento e de acesso ao medicamento. “Se for necessário, tomaremos medidas mais coercitivas para suspensão do medicamento em determinados locais para evitar os riscos ao desenvolvimento do feto provocados pela talidomida”, justificou.
O superintendente de Vigilância Sanitária, Edmilson Silva Filho, disse que o encontro reúne mais de 40 técnicos das unidades públicas dispensadoras da talidomida. “Algumas unidades estão com a dispensação suspensa, devido a problemas na legislação ou por falta de controle e este é o momento que vamos esclarecer dúvidas e fazer os encaminhamentos para fortalecer o controle do medicamento”, explicou.
A capacitação está sendo ministrada por técnicos da Superintendência de Vigilância Sanitária (Suvisa) e capacita os profissionais de saúde (médicos prescritores, farmacêuticos, enfermeiros que coordenam o programa de hanseníase e coordenadores de vigilância sanitária) sobre o uso da Talidomida, no que se refere à aquisição, controle, transporte, distribuição, prescrição e dispensação.
Talidomida
A talidomida é uma droga que foi sintetizada pela primeira vez na antiga Alemanha Oriental, na década de 1950. A medicação foi vendida sem receita, em diversos países, para diminuir os enjoos típicos do início da gravidez. A partir do final dos anos 50 e no início da década de 60, nasceram milhares de crianças com má formação nos membros inferiores e superiores. A causa era o uso da talidomida pelas gestantes, que recebeu o nome de Síndrome da Talidomida Fetal ou Síndrome da Talidomida.
Ainda na década de 1960, foi descoberto que alguns pacientes com a Doença de Hansen se beneficiavam com o uso da talidomida, porque reduzia a dor e as lesões típicas da hanseníase. No Brasil, a talidomida não é comercializada. A droga é distribuída pelos programas do Sistema Único de Saúde (SUS), em postos, centros e hospitais. Há um único produtor do medicamento no País, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que é um laboratório público.
Daucyana Castro