Por Daucyana Castro
“A importância da saúde mental no ambiente de trabalho” foi o tema da palestra que encerrou as atividades da campanha Setembro Amarelo no Hospital Aquiles Lisboa, no bairro da Vila Nova, em São Luís. Durante todo o mês, foram realizadas várias ações com os profissionais da unidade, alusivas ao tema da campanha, que reforça o combate e a prevenção ao suicídio. Entre as atividades, foram realizadas rodas de conversa, escuta especializada, troca de experiências, entre outras.
“Encerramos a campanha falando deste tema de extrema importância que é a saúde mental no ambiente de trabalho. Estamos passando por uma pandemia e muitos trabalhadores adoeceram. Isso trouxe um impacto muito real na cabeça de todos e na rotina, e é muito bom que possamos dialogar. Precisamos discutir a saúde mental, observar o outro, dar suporte. Estamos cuidando dos outros, mas nós profissionais da saúde também necessitamos de cuidados”, apontou a diretora do Hospital Aquiles Lisboa, Nathalia do Vale Carvalho de Araújo.
A palestrante Kelsiane Silva Rodrigues é psicóloga especialista em terapia cognitiva/comportamental e psicologia do trabalho. Usando dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre depressão e ansiedade, além de medidas de prevenção, a psicóloga explicou que a depressão é a segunda maior causa de afastamento do trabalho.
Dados da OMS também apontam que o Brasil detém o primeiro lugar no número de quadros depressivos na América Latina. No mundo, o país ficou em primeiro lugar no ranking de transtornos de ansiedade. Anualmente, 1 milhão de casos de suicídios são registrados no mundo e 90% dos casos poderiam ser evitados.
A psicóloga abordou ainda tópicos como fatores de adoecimento e focou também na prevenção, o que inclui alimentação saudável, corpo em movimento, boas noites de sono, ambiente profissional saudável, atividades de lazer, atitude positiva e psicoterapia.
Outro dado interessante é a mudança do adoecimento por décadas no Brasil, relacionada à saúde mental e o trabalho. Na década de 1970, a incidência maior era de acidentes de trabalho. Nos anos 1980, perdas auditivas eram mais frequentes. Os anos 1990 trouxeram doenças osteomusculares e a partir de 2000 houve uma predominância significativa de transtornos mentais.
“A pandemia impactou a saúde mental da população, dentro e fora do trabalho. Trouxe incertezas, mudanças e preocupações. É importante acolher e fortalecer a saúde emocional do trabalhador. Se antes a OMS já havia emitido um alerta de que haveria nos próximos anos um aumento nos casos de transtornos mentais, com a pandemia isso ficou mais evidente. Que essa discussão do Setembro Amarelo se estenda por todo o ano. Precisamos trazer a saúde mental para a pauta, melhorar e lidar com esses aspectos emocionais”, disse a psicóloga Kelciane Silva Rodrigues.
Maria Natalice Machado vivenciou na família esse turbilhão de emoções. A auxiliar de serviços médicos, de 58 anos, teve um familiar que desenvolveu depressão logo no início da pandemia do novo coronavírus.
“Foi um período delicado. Com a pandemia, alguns amigos morrendo, essa pessoa da minha família, que também é da área de saúde, ficou mal, teve problemas, ficou até sem dormir, mas com apoio e tratamento está se recuperando. Por isso, um momento como esse aqui, onde podemos ver a palestra e discutir o assunto é muito importante. O profissional de saúde trabalha com seres humanos, muitas vezes sob estresse e precisa desse apoio, dessa ajuda no emocional. Por isso fiz questão de participar dessa atividade”, explicou Maria Natalice.
O Hospital Aquiles Lisboa compõe a rede da Secretaria de Estado da Saúde e é administrado pela Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH).
Daucyana Castro