“A gente fica falando ‘vamos doar sangue!’, mas uma parcela significativa da população nem sabe seu tipo sanguíneo. Olha a distância que existe até a ação. Já sabíamos que o brasileiro não tem a cultura de doar sangue e, agora, sabemos também que ele não tem esse conhecimento”, diz Debi Aronis, fundadora do Movimento Eu Dou Sangue –que encomendou a pesquisa.
Os números, porém, podem ser piores, segundo ela. “Esse é o percentual de pessoas que admitiram não saber. Muitas têm vergonha de dizer que não conhecem seu próprio tipo sanguíneo.”
De acordo com a pesquisa, o desconhecimento diminui conforme aumenta o grau de instrução –só 20% entre os mais instruídos não sabem seu tipo sanguíneo, ante 50% entre os menos instruídos– e a renda familiar mensal do entrevistado (20% entre os mais ricos ante 47% entre os mais pobres). Mais mulheres sabem esse dado do que os homens.
“Essa informação é dada quando o bebê nasce, mas depois pode acabar se perdendo. Mais tarde existe a possibilidade de ser oferecida novamente na doação de sangue, só que poucos doam. Esse desconhecimento reflete a realidade do nosso país”, diz Roberta Fachini, vice-diretora médica do Banco de Sangue do Hospital Sírio-Libanês,
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Editoria de Arte/Folhapress |
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Nos últimos 12 meses, 8% dos brasileiros adultos declararam ter doado sangue, segundo a enquete, mas, novamente, a taxa pode estar superestimada devido a um constrangimento em responder de forma negativa.
Segundo o Ministério da Saúde, só 2% da população brasileira doa sangue, e aqui a coisa se inverte: mais homens doam sangue do que as mulheres.
Na França esse índice é de 10%; em Israel, chega a 12%. “Países que têm história recente de catástrofes, ataques terroristas e guerras estão mais atentos para a importância da doação. Apesar de vivermos uma guerra urbana no Brasil e termos um número alto de acidentes de trânsito, as pessoas não estão sensibilizadas para incluir a doação em seus hábitos”, afirma ela.
No Sírio, por exemplo, 80% dos doadores são de repetição –ou seja, quem doa sangue doa sempre ou quase sempre. “O desafio é sensibilizar toda a população saudável que nunca doou e convencê-la de que esse é um ato de solidariedade seguro e rápido”, diz Fachini.
Para doar, é preciso ter de 18 a 65 anos (maiores de 16 podem doar acompanhadas de responsável), ter mais de 50 kg e estar em boas condições de saúde.
Fonte: Folha de SP